A palavra acessibilidade é abrangente e já foi interpretada de formas distintas ao longo da história. Por isso, gestores culturais e produtores podem ter algumas dúvidas na hora de tornar as experiências que promovem mais inclusivas. A Sympla conversou com André Acioli, que é curador e gestor do Teatro Vivo, além de gerente geral do Teatro Porto – casas emblemáticas na capital paulista  – para trazer dicas valiosas sobre o teatro acessível. Continue a leitura! 

O que é acessibilidade e por que discutir o tema? 

O Governo Federal estabelece que a acessibilidade está em “incluir a pessoa com deficiência na participação de atividades como o uso de produtos, serviços e informações”. Quando falamos dos equipamentos de cultura, André Acioli vai além: “o objetivo é fazer as pessoas se sentirem pertencentes àquele espaço”, o teatro.

De acordo com o gestor cultural e produtor artístico, trata-se de um processo desafiador pautado no aprendizado contínuo. Nesse cenário, segundo ele, a cultura se coloca ainda como agente de reflexão e conscientização da inclusão: “a arte é uma maneira de transformar uma sociedade e o olhar dela”, explica.

Mais do que um direito desses cidadãos – previsto no Estatuto da Pessoa com Deficiência –, a adequação dos espaços físicos e eventos culturais é, muitas vezes, uma exigência para a expedição de alvarás de funcionamento e participação em editais das Leis de Incentivo à Cultura. Portanto, é fundamental conhecer quais são essas obrigações no seu município.

O MinC, por exemplo, detalhou os critérios para projetos voltados à Lei Rouanet, determinando que “Todos os projetos devem cumprir as medidas de acessibilidade previstas em Lei, para pessoas com mobilidade reduzida, idosos, deficiências intelectuais, auditivas e visuais, quando tecnicamente possíveis”. 

Como tornar o teatro acessível? 

1. De olho na infraestrutura 

Quando o assunto é acessibilidade e inclusão, adequar as instalações físicas é fundamental. Rampas, elevadores, banheiros acessíveis são importantes para garantir uma experiência confortável para todos os públicos. André Acioli traz o exemplo do Teatro Vivo de São Paulo, que passou por reformas, e oferece “por exemplo, elevador de acessibilidade do foyer até os camarins, uma cadeira elevatória do palco até os camarins”, conta.

Também é preciso considerar as áreas para pessoas com mobilidade reduzida, identificando esses espaços de forma clara. A quantidade de assentos dependerá do tamanho do teatro e de regulamentações locais. À frente do Teatro Porto e do Teatro Vivo, Acioli chama atenção ainda para a qualidade desses assentos: “lá nos teatros, como já fizemos a reforma com esse olhar, os espaços para pessoas que utilizam cadeiras de rodas estão em um local premium”, conta.

2. Treinando a equipe 

“A equipe foi treinada para receber as pessoas, identificar se o lugar escolhido é o melhor, e fazer possíveis ajustes para uma boa experiência no teatro”, conta André Acioli, chamando atenção para a importância da capacitação dos profissionais da casa.

Uma cartilha de Acessibilidade e Inclusão elaborada pelo Espaço do Conhecimento UFMG sugere algumas boas práticas na hora de receber um visitante ou espectador com deficiência, como: “sempre fale diretamente à pessoa, não ao seu intérprete ou

assistente pessoal” e “verifique se é necessário algum tipo de ajuda. Se a pessoa requisitar, tenha certeza de que a pessoa aceitou o auxílio e respeite os limites”. Essas e outras recomendações podem ser úteis para a capacitação da equipe.

3. O intérprete

O intérprete de Língua Brasileira de Sinais, a Libras, desempenha um papel crucial para a boa experiência do espectador surdo e está presente em alguns espetáculos realizando a interpretação simultânea.

Para André Acioli, o produtor deve engajar esse profissional, dando a ele todo o contexto necessário para uma boa compreensão da produção antes mesmo da apresentação. Além disso, é importante considerar o espaço que o profissional ocupará no palco para fazer uma escolha que leve o mapa de assentos em consideração.

4. Formação de público

Nenhum público se forma da noite para o dia. E isso também é verdade no contexto da acessibilidade e inclusão. É importante que exista um trabalho de formação de público pautado no diálogo e na divulgação. Acioli destaca a importância do uso das redes sociais e da parceria com influenciadores digitais como canal importante para a comunicação com públicos diversos.

Agora que você aprendeu mais sobre o teatro acessível, que tal mergulhar na divulgação no contexto das artes cênicas? Leia sobre o tema e conheça dicas de marketing para casas de espetáculos e peças teatrais.