Em tempos de pandemia, as iniciativas solidárias ganharam notoriedade e atenção como nunca havia se visto antes. No mundo dos eventos, as lives solidárias de artistas como Marília Mendonça, Jorge e Mateus e Luan Santana foram responsáveis não só pelo entretenimento de quem está em casa, mas também por doações de milhões de reais e toneladas de alimentos para os mais vulneráveis.

Em um cenário que escancara a desigualdade já tão presente no Brasil, a solidariedade e a justiça social têm se tornado pautas em foco, tendo como objetivo auxiliar as pessoas em situação de vulnerabilidade através de projetos sociais e lideranças que possibilitam a chegada dessas contribuições à ponta.

Sabendo disso, a Sympla promoveu, no dia 23 de junho, a segunda edição do Symplifique Na Rede, dessa vez com o tema #IniciativasSolidárias, que contou com Laís Mascarenhas, Coordenadora de Face to Face do Médicos Sem Fronteiras no Brasil; Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta e CEO da PretaHub e Janaína Cunha, gerente de cultura do SESC-MG, para um bate-papo mediado por Sulamita Theodoro, especialista em eventos da Sympla.

Na conversa, foram pautados os principais desafios da comunicação e engajamento no contexto da pandemia. Confira abaixo alguns dos aprendizados sobre as iniciativas solidárias desse encontro virtual :)

1. A democratização da internet é imprescindível

O coronavírus acabou acelerando um processo de digitalização, levando não só os eventos para o meio online, mas também o serviço de empresas, atendimentos governamentais, entre outros. Por isso, ao falar de democratização da internet, é preciso pensar não somente no acesso à rede móvel, wi-fi ou, até mesmo, no próprio dispositivo, como um celular ou notebook, mas também nas dificuldades intelectuais que dificultam ainda mais esse acesso.

“O acesso físico já é um impeditivo, um agravante. Mas mesmo quem dispõe das ferramentas tem dificuldade de lidar com essas ferramentas. Estamos falando de dificuldades do campo individual, que nos levam a outra reflexão: a de que nesse momento, em que o individual fica cada vez mais evidente, o coletivo pode ser a solução.”, explica Janaína.

De acordo com Adriana, fundadora da Feira Preta e CEO da PretaHub, é preciso ir a fundo e corresponsabilizar todos os envolvidos para fazerem a diferença, trazendo essas pessoas vulneráveis para o online: desde as empresas de telefonia e o governo até nós mesmos. “É papel de todos fazer com que a gente consiga dar acessibilidade e democratizar a internet para que todos tenham acesso”.

2. Oportunidades online potencializam a missão dos projetos sociais

O projeto Mesa Brasil, realizado pelo SESC, se reinventou através das lives musicais durante o período de isolamento social, – como o festival Fome de Música, que contou com apresentações de diversos artistas e arrecadou mais de 7 milhões de reais, o equivalente a 1.404.286 quilos de alimentos, unindo uma ação cultural a uma ação de assistência social. 

Para Janaína, gerente de cultura do SESC-MG, a questão é como potencializar a missão dos projetos com as novas oportunidades online que vêm surgindo. “Enquanto fizer sentido na vida do artista e do público, fará sentido para o SESC, mesmo quando o presencial já estiver restabelecido. Essas oportunidades vieram para acrescentar, para se somar, e nós esperamos contribuir para outras ações nesse campo que possam surgir.”, afirma.

3. É fundamental ter atenção com aqueles que vão até a ponta

Para que as iniciativas solidárias sejam realmente efetivas, é essencial olhar para os profissionais que vão até a ponta, possibilitando que o processo de operação das doações funcionem. A valorização das ações dos líderes que operam nas comunidades e na linha de frente pode ser feita criando redes de mobilização e investindo em operação, de acordo com Adriana.

Ela explica que, nesse momento, as empresas estão mais sensíveis à filantropia. Porém, elas dificilmente olham para as organizações que vão até as comunidades e que permitem que essas ações se concretizem. “Como essas cestas básicas irão chegar a quem precisa?”, questiona. “Lideranças que impactam estão sendo acionadas, mas não valorizadas, principalmente financeiramente.”

4. Transformar a solidariedade em justiça social é o caminho

É possível aproveitar esse momento de acentuação da solidariedade para caminhar em prol da justiça social. Janaína explica a diferença entre os conceitos: “É diferente: a solidariedade é pontual e está conectada a uma crise, de modo geral. Esse sentimento é válido e necessário, mas o que nos move para uma transformação é um comportamento que reflita que a justiça social é necessária para todos.”

Laís, Coordenadora de Face to Face do Médicos Sem Fronteiras, complementa exemplificando que a justiça social significa garantir a distribuição de vacinas essenciais, como a pneumocócica, a um preço acessível, como $1 a unidade. “Enquanto estamos durante uma pandemia, temos várias outras questões que atingem as pessoas mais vulneráveis em questão de ajuda humanitária. Essa é a nossa luta atual.”

E você, tem utilizado das iniciativas solidárias para contribuir com a redução dos danos causados pelo momento em que estamos vivendo? Elas podem ser uma ótima oportunidade para disseminar e mostrar o comprometimento da sua marca no meio online, além de ajudar aqueles que mais precisam :)