Quatro meses após a declaração oficial de pandemia por conta do novo coronavírus – dada pela OMS no dia 11 de março – uma primeira experiência de retorno aos eventos presenciais toma conta do universo de eventos ao redor do mundo: os antigos drive-ins, conhecidos pelo seu auge nas décadas de 50 e 60 e imortalizados por filmes hollywoodianos, estão de volta.
Os pátios a céu aberto, preparados para comportar dezenas de espectadores motorizados e suas respectivas famílias, agora voltam a dar palco para a exibição de peças cinematográficas, adicionando ao seu leque de experiências shows musicais, stand-ups e outros tipos de eventos que podem ser adaptados para o formato – que faz parte do que chamamos de “novo normal”.
Este modelo, que para muitos organizadores de eventos se mostra como uma novidade, retorna à ativa com novos protocolos de segurança e preocupações voltadas às necessidades atuais de combate ao coronavírus pelo distanciamento social.
E, para auxiliar os produtores interessados, convidamos, no dia 14/07, Thássia Moro, Coordenadora e produtora do Belas Artes Drive-In, Mike Willian, Diretor Operacional e de Eventos do Allianz Parque e Luiz Augusto Jabour, Co-Fundador do Festival Drive-In de Brasília, para discutir sobre o assunto no Symplifique na Rede #Drive-In. Tereza Santos, Diretora de Operações na Sympla, foi a escolhida para mediar o bate-papo. Quer saber como foi esse encontro virtual? Confira os melhores insights da noite :)
1. Não há competição, mas sim uma nova oferta
Com os cinemas fechados por questões de segurança desde meados de março, ainda é incerto dizer se o modelo de cinema drive-in será um concorrente de outras experiências tradicionais, como bares, restaurantes ou, até mesmo, do próprio cinema. As pessoas irão preferir ir ao cinema tradicional, sentados em uma sala comum, ou a nova experiência, que conta com um pouco mais de segurança?
Para Thássia, Coordenadora e produtora do Belas Artes Drive-In, isso só poderá ser sentido a partir da reabertura dos cinemas. “Quando você vai a um cinema, está buscando uma experiência diferente de um restaurante ou bar, por exemplo. No drive-in, existe um tipo semelhante de oportunidade: a de assistir um filme com seus amigos ou família podendo conversar e interagir”, explica.
2. É hora de ativar o modo criativo
Em meio às dificuldades que surgem com esse novo modelo, a equipe responsável pelo Drive-In de Brasília dá um show de criatividade. Para aproveitar o horário da tarde, que não dispõe de uma boa iluminação para exibir filmes, Luiz explica a dinâmica da solução que encontraram para utilizar o espaço neste período: o churrasco drive-in, que em breve entrará na programação.
“Iremos continuar com a programação super variada, inclusive com ainda mais opções. Vamos fazer o primeiro barbecue drive-in — provavelmente o primeiro em todo o mundo. Em parceria com empresas de proteína animal, vamos colocar um churrasqueiro famoso de Brasília, que irá ensinar a fazer churrasco do palco, com um banda sertaneja tocando ao fundo. As pessoas que estão nos carros irão receber cada uma das etapas do churrasco que ele estiver preparando”, explica.
Para ele, essa é uma forma inusitada de fazer eventos, e que só se mostra possível pela alta demanda e a consequente necessidade da criação de novos formatos.
3. Demanda comprovadamente alta
Ao contrário do que poderia se imaginar, a demanda tem sido alta para eventos no formato drive-in. Mike, diretor de operações do Allianz Parque, explica que “as pessoas vêm e saem de uma experiência fora do normal, super elogiando. Estão felizes. Tem todo o lado emocional de estar vendo um show presencial novamente, mas também existe a emoção de fazer parte de um momento tão histórico, de uma operação tão complexa.”
A boa recepção do público também foi sentida no Drive-In Belas Artes: “As pessoas realmente estão com vontade de sair de casa, com segurança. Vieram muitos questionamentos a respeito, muitas perguntas, mas a aceitação foi grande”, comenta Thássia, que viu os ingressos das sessões esgotarem rapidamente antes mesmo da abertura.
Ela acrescenta que esse novo formato conseguiu, até mesmo, fazer com que eles alcançassem novos públicos, diferentes do público tradicional do Belas Artes, que é voltado a filmes mais clássicos do cinema. Com os drive-ins, foi possível abranger o catálogo e, consequentemente, alcançar um público mais familiar.
4. Desafio frente ao cumprimento dos protocolos de segurança
Apesar de todos os desafios que surgem com um novo formato de experiência em meio à pandemia – como a montagem de estruturas mais complexas, equipes reduzidas e distanciamento entre a própria organização – um desafio que chama a atenção não vem diretamente da produção, mas sim dos espectadores.
Mike revela preocupação em relação ao descumprimento dos protocolos, que são padronizados para todos os drive-ins: “O desafio principal que estamos enfrentando e nos adequando é a necessidade das pessoas de descerem dos carros para tirar fotos, tirar uma selfie.”
“Os protocolos de segurança relacionados ao COVID-19 são muito parecidos em todos os drive-ins, e acho que o aprendizado do público foi muito rápido em relação a isso. Mas o Mike trouxe uma questão muito interessante, que é o desrespeito aos protocolos. Esse é um problema que a gente vem vivendo”, ressalta Luiz.
E aí, o que achou dos insights deste encontro? De todos eles, um é certo: os drive-ins voltaram com tudo e estão fazendo o mercado de eventos se reinventar!