De acordo com a Startupi, 74% das startups tem a maioria masculina e ainda não existem dados apontando para diversidade de etnia e sexual. Ainda segundo o Techcrunch, apenas 17% das empresas que receberam investimentos no ano de 2017 foram fundadas por mulheres.
Para começar, as perguntas que faço a você são:
• Quantas pessoas transgênero estudam ou trabalham com você?
• Quantas mulheres estudam ou trabalham com você?
• Quantas pessoas negras estudam ou trabalham com você?
• Quantas pessoas com mobilidade reduzida estudam ou trabalham com você?
• Quantos indígenas estudam outra trabalham com você?
Dentro desse universo, como é possível favorecer e estimular a diversidade em eventos, especialmente os de tecnologia? É sobre isso que vamos falar hoje! o/
Diversidade não é só para ser legal
Os questionamentos acerca da diversidade são super relevantes. Vários estudos provam que, em um ambiente onde criatividade e inovação são alicerces, a diversidade de pensamentos e de pessoas é necessária para construção de projetos cada vez mais promissores. Nesse contexto, é importante perceber que diversidade é ter gente! De diversas religiões, crenças, culturas, gêneros, etnias, sexualidades, idades, origens, áreas de atuação profissional e por aí vai :)
Se cercar de pessoas que pensam de maneira parecida é viver em uma bolha social, e isso não gera inovação e não gera conflito – e conflito é bom, pois faz amadurecer! O processo de criação com pessoas diversas pode ser muito mais difícil, mas é igualmente desafiador e engrandecedor – principalmente na produção de eventos de tecnologia, onde é preciso inovar e possibilitar a criação de soluções até de novos negócios.
O que é diversidade?
Quando pensamos em um ecossistema criado e mantido pela Natureza, percebemos a coexistência de diversos seres que interagem e se respeitam, tirando sempre o melhor de cada um e são todos esses seres diferentes que causam harmonia no ecossistema e isso é diversidade!
Mas a questão é que a nossa sociedade não é assim… e é por isso que precisamos falar sobre acesso ao lugar de fala, que tem tudo a ver com a diversidade.
Lugar de fala
No livro “Feminismo em Comum? – ?para todas, todes e todos” a escritora Márcia Tiburi afirma:
“Lutar por direitos não significa lutar pelos próprios direitos em um sentido individual. A noção de direito implica sempre a sociedade. Por isso é que podemos dizer que a luta é lugar de todos, ou seja, implica não apenas a aparência, mas a presença concreta das diferenças objetivas e subjetivas. É essa presença que tem o poder de instaurar o diálogo sem o qual toda luta pode morrer na simples violência destrutiva e autodestrutiva.”
Ou seja, pensar em diversidade é um responsabilidade da população em geral – afinal, vivemos numa sociedade na qual muitos direitos básicos ainda pertencem a uma parcela pequena da população. E isso está totalmente conectado à criação de ambientes saudáveis e seguros para que pessoas se sintam confortáveis para falar.
Dessa forma, pense sempre em mulheres, LGBT’s, pessoas com mobilidade reduzida e em pessoas tradicionalmente “esquecidas” na hora de produzir o seu evento. Ter essas pessoas no seu time trará um olhar de mais atenção e cuidado com o outro – e esse é o momento em que a diversidade começa a nascer :)
E como trazer a diversidade para os eventos de tecnologia?
Um exemplo legal é o Startup Weekend produzido por voluntários, através da Techstars, o evento sempre acontece graças ao trabalho das comunidades de startups das cidades que sediam o evento, resultando sempre em muita diversidade e possibilidades de atuação diferentes aos envolvidos. Além disso, o Startup Weekend também conta com verticais específicas para fomentar a diversidade das startups, como a de inovação social, fintech, foodtech, educação – em 2017, o evento aconteceu em todas as regiões do Brasil. :)
A partir das experiências do Startup Weekend, o que é possível fazer em um evento para aliar diversidade e tecnologia? Separamos alguns pontos que podem ajudar o seu evento a ser mais diverso:
1. Forneça um ambiente acolhedor, diverso e sem exclusão
É fundamental pensar na facilidade de acesso para a equipe e para os participantes do evento, seja para quem utiliza transporte público, carro, bicicletas ou seja pedestre. Também não deixe de pensar nas pessoas com dificuldade de locomoção, que tal realizar um evento no qual os banheiros não possuirão a divisão entre feminino e masculino?
Outro ponto importante para realizar um evento acolhedor e que respeite todos os presentes é não deixar passar comentários e comportamentos machistas, homofóbicos ou preconceituosos de maneira geral. Isso faz com que os participantes se sintam em um local seguro e agradável, propício para o desenvolvimento de novas ideias e soluções.
2. Aposte no potencial das pessoas e estimule a diversidade
Estimular o empoderamento no seu evento é investir em uma produção na qual as pessoas entendam que o lugar delas é onde cada um quiser, assumindo papéis variados e se sentindo confortáveis para participarem ativamente do evento.
Busque sempre pensar nos participantes, no time da organização e mentoria da evento forma mais diversa possível! Mostre ao público que a sua produção está aberta a receber pessoas de todos os espaços e com respeito a todos os perfis, vivências e características.
Tenho certeza que você vai encontrar pessoas incríveis, pratique sempre a empatia que é capacidade de entender a visão do outro. Quando ocorrer algo de errado acontecer, não ignore, debata e tente achar meios de resolver priorizando o desenvolvimento de todos que estão ali. Afinal de contas, o nosso objetivo deve ser sempre melhorar como ser humanos.
3?. Utilize termos e palavras inclusivas para se referir às pessoas
Se você ficar em dúvida sobre como se referir a alguém? Pergunte à pessoa como ela gostaria de ser chamada. Em textos, avisos e apresentações, por exemplo, evite usar a letra x ou @. Esses caracteres não são pronunciáveis e não são inclusivos a deficientes visuais ou auditivos. Ao invés disso, busque estruturar a escrita de forma neutra – veja como neste texto aqui.
Em um mundo no qual cada vez mais pessoas estão tendo a liberdade de serem quem são, esse tipo de cuidado é fundamental e demonstra compromisso com o respeito e a diversidade :)
Outras iniciativas para se inspirar (e ajudar na diversidade)
Além do Startup Weekend, existem várias iniciativas que levam à sério a questão da diversidade e do acesso à tecnologia por todas as pessoas. Uma delas é a Marie Curie News?, uma newsletter que traz conteúdo para mulheres. Toda semana, a iniciativa discute algum tema que tenha impacto na maneira como as mulheres trabalham, se posicionam e se relacionam com a sociedade.” Outro exemplo é o Comitê de Diversidade da ABStartups, que estimula formas de ter mais diversidade e igualdade no mercado de startups no Brasil.
Existe também um formulário no qual é possível denunciar anonimamente casos de assédio, preconceito e violência nas comunidades de empreendedorismo, tecnologia e inovação em geral.
Essas são apenas algumas da iniciativas incríveis que estão nascendo. Que tal começar a criar a sua em um evento diverso, conectado e aberto à inovação? :)
Este post foi escrito por Laiza Amorim, vegana, feminista, maranhense, Community Manager do NITE da Universidade CEUMA e facilitadora do Startup Weekend.